Aí é que vem o acaso tá vida, um dia , um tempo atrás, entrou na minha vida o meu amor a tanto esperado. Veio de longe, lá do Mediterrâneo, lá do país em forma de bota, berço da civilização, veio da Itália, país que povoava meus sonhos desde criança, porque sempre fui uma apaixonada por história, principalmente a romana e a grega e sempre dizia que um dia iria viajar por esses dois países, pisar naquele chão cheio de história e beleza.
Quando conheci Francesco, não me entusiasmei de imediato, mas, quando ele começou a falar das suas viagens, eu comecei a viajar também na minha fantasia, quanto mais quando soube que ele era napolitano, imediatamente meu pensamento me levou para a baía de Napoli, com a visão do Vesúvio a olhar com désdem para Capri que dorme, no meio do mar, como uma sereia deitada de lado a comtemplar os pobres pescadores, que seduzidos pela sua beleza, abandonam seus barcos e vão ao encontro daquele ser que canta um canto encantado, ao qual eles não conseguem resistir e morrem aos seus pés.
Cheia da minha fantasia, comecei a amar esse homem que realizou vários, vários dos meus sonhos! O que eu conheço hoje da Itália, ainda é pouco, mas, já o bastante para me sentir parte desse paraíso, um museu a céu aberto, onde qualquer lugar que pisamos, pisamos na história. Onde se cava, se depara com o passado, por isso temos até museu subterrâneo, como em Napoli, que quando se fazia escavações para ampliação da linha do metrô, se descobriu um sitio arqueológico maravilhoso que foi transformado num espaço cultural, um museu, onde podemos ver fragmentos da antiga cidade. E por aí vai. Mas, como estava contando, eu não andava de moto de jeito nenhum, tinha medo e não tinha o menor desejo de experimentar. Pois não é que esse homem, é um motociclista apaixonado, que está sempre pronto a pegar estrada, numa aventura sem fim? Pois é, e eu como toda mulher apaixonada, quis fazer e satisfazer o desejo dele, subi na garupa e fui e atá hoje estou indo, lá se vão seis anos!
Dessa vez, o negócio foi mais sério, eu nunca tinha viajado mais que quatro cinco horas, sempre por perto de casa e agora o projeto era maior, iríamos passar uma semana viajando, uma viagem planejada com muita antecedência por ele e mais dois amigos, era um sonho antigo deles e o objetivo maior era conhecer um acidente geográfico chamado "Bocce de Kataro" que fica na Sérvia-Montenegro. Para tanto precisavámos ir até Bari, pegar um navio por uma noite e amanhecer na Cróacia, mais precisamente em Dubrovnik, capital do país. Bom até Bari, foram cinco h de viagem, tempo bom, sem problemas, a viagem noturna também tranquila, apesar da cabine do tamanho de uma caixa de fosfóro, minha amiga Eliane, nunca dormiria nela, quem tem fobia de espaços fechados não suporta, para mim tudo bem, a euforia de conhecer novos lugares, me enchia de entusiasmo e quando amanheceu que vi a paisagem, nem me lembrei de quantos km tinha pela frente. Dubrovnik é belissima, única, inesquécivel, tem uma muralha que contorna toda cidade velha, com dois km de extensão e de lá do alto, temos uma visão maravilhosa da cidade, um encanto!
De lá, partimos para Montenegro, mais precisamente para Kotor, que é outra bela cidade, uma paisagem lindissima e onde comemos muito bem. Dorminos nessa cidadezinha e pela manhã fomos ao encontro desse maravilhoso presente da natureza, do alto da estrada, avistamos "Bocce de Kataro", uma lingua de mar que vem lamber a terra, assim, sem pedir licença, simplesmente, chegou e se instalou. Que visão, q maravilha! Mar de um lado, mar do outro e no meio a montanha, verde, magestosa, que ousada, se mostra e completa esse cenário de tal beleza, que nos cala, nesse momento o silêncio é necessário, prestamos homenagem ao belo, através da contemplação, sem palavras nem movimento, simplesmente deixamos nossos olhos se enebriarem com aquela paisagem única e inesquecível!
Depois desse presente da mãe Natureza, prosseguimos viagem, encontrando pelo caminho pequeninas jóias, cidadezinhas encantadoras, algumas pareciam saidas de um conto de fadas, que estimulavam a minha fantasia e me remetiam de volta a infância, a um mundo povoado de fadas, gnomos, grilos falantes e por ai vai! Chegamos a Bósnia, um belo país,um povo sofrido, mas, extremamente acolhedor, visitamos mosteiros ortodoxos, desbravamos montanhas, subimos até 1.907m, um frio danado, mas, pela beleza, valia a pena o sacrificio. Que bela viagem, nem me lembrava que estava de moto, parecia que estava viajando numa nuvem, de tão feliz!
Retornamos a nossa casinha, aos meus amanheceres de Gaeta e agradeci muito ao meu Deus de amor, que me concedeu a graça de viver momentos únicos, a graça de admirar a Sua obra e poder entrar em comunhão com ela, de me sentir parte daquele paraíso! Uhuuuuuuuu! Obrigado meu Deus!
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